Muitas vezes, os piores filmes biográficos são os que tentam abranger toda a existência de um sujeito do berço ao túmulo. Melhor escolher um momento definido ou período, uma parte da pessoa. Essa é a abordagem do olhar contido e em grande parte bem sucedido de Anton Corbijn em James Dean, visto através de sua relação com o fotógrafo Dennis Stock.
O filme abrange algumas semanas em um momento crucial na vida de Dean (Dane DeHaan). Estava começando a divulgação para East Of Eden de Elia Kazan, primeiro papel principal de Dean, e ele estava à espera de ouvir se ele iria conseguir o papel que ele queria muito em Rebelde Sem Causa. A turnê de imprensa para East Of Eden começou, e com ela as responsabilidades do estrelato e as expectativas de um estúdio, enquanto o relacionamento de Dean com a namorada Pier Angeli (Alessandra Mastronardi) estava prestes a chegar a um ponto crucial.
Dennis Stock (Robert Pattinson), um outro jovem com ambições artísticas. Stock tinha preocupações financeiras e viu em Dean uma maneira de conseguir um respingo de fama de uma estrela em ascensão e avançar através dos escalões de fotógrafos concorrentes. Após a primeira aparição de Stock, Dean se faz de difícil, e ao longo do filme vemos entre os dois uma intimidade às vezes desconfortável e um distanciamento próximo a hostilidade. Através de um cinzento e molhado dia em New York e uma viagem coberta de neve para Indiana, cidade natal de Dean - tudo trazido à vida pelo diretor de fotografia Charlotte Bruus Christensen - Stock tenta fazer com que as fotos lhe renda uma comissão e uma de mudança de vida na revista Life.
Dean de DeHaan é moderno e original, um homem muito jovem dividido entre ambições para a sua arte e para o estrelato. A colisão é dada na voz de Ben Kingsley como chefe do estúdio Jack Warner, falando para um desconfortável Dean, para ele literalmente "seguir as regras" e Warner vai fazer dele uma estrela. É um conflito que acontece com frequência hoje em dia, os jovens atores que aceitam grandes papéis, que permitirão a independência financeira para fazer indie no ano seguinte, e DeHaan pode estar familiarizado com pós-Espetacular Homem Aranha 2. Ele não chega a compartilhar a beleza translúcida de Dean, mas sua má postura, atitude resmungante faz um interpretação totalmente crível.
Mas é o desempenho de Pattinson que se destaca, lançando mais um punhado de terra sobre a imagem do galã de Crepúsculo. Stock é simpático - solitário e um pouco desesperado em LA, lutando para prever e se conectar com um filho que mal conhece - mas há algo vampírico sobre ele, e não de uma forma brilhante. Ele está usando o estrelato incipiente de Dean para seus próprios fins, e frequentemente aniquila as opiniões de Dean na sessão de fotos. Ainda assim, ele continua dependente dos caprichos da estrela para ter sua grande chance, e assim a sua relação é repleta de acusações de falta de sinceridade e exploração de ambos os lados. É Stock - o mais alto, e francamente, o mais bonito do par - que é desesperadamente, profundamente inseguro, enquanto Dean apenas alcançou o topo de uma montanha e descobriu que o sucesso não lhe trouxe a felicidade que ele procurava.
Corbijn, um fotógrafo de celebridades de eminência considerável quando não está dirigindo, é extremamente difícil fala sobre sua própria profissão, e é na tensão entre o inquieto sujeito e o artista, entre arte e comércio, é onde o filme consegue o seu melhor. Não é o melhor filme de Corbijn, que às vezes se arrasta, como quando o par vaga sem rumo por Nova York e sobreposição com "Inside Llewyn Davis" no exame de autenticidade e ambição. Mas tem um sentimento de tragédia de Dean, e a solidão que ele encontra no seu sucesso, que é arrepiante, e que permanece ao lado de imagens de Stock quando os créditos sobem.
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