James Dean vai até a casa de seu amigo fotógrafo e lhe chama para darem outra escapada, fugindo dos chatos compromissos da indústria de cinema. Dessa vez, ele diz não, por ter coisas a resolver em casa. Meses depois, o astro morre prematuramente, num acidente automobilístico.
A cena é emblemática da relação desses personagens, bem como do filme Life – Um Retrato de James Dean, em cartaz a partir de hoje nos cinemas. Ao captar a essência de alguém que permaneceu diante de suas lentes por tanto tempo, o fotógrafo Dennis Stock intuiu o desfecho do astro.
Inspirado em fatos reais, o filme de Anton Corbijn estabelece esse recorte ao registrar a vida de um dos maiores nomes do cinema, que morreu jovem, sem conhecer o sucesso que lhe esperava, em filmes como “Juventude Transviada” (1955) e “Assim Caminha a Humanidade” (1956).
Rebeldes com causa
Não precisaria de mais: o contato com o fotógrafo é suficiente para evidenciar o talento de Dean e seus questionamentos, corrigindo um problema constante nas cinebiografias, que não conseguem explicar o sucesso artístico em meio aos curiosos dados de sua trajetória.
Corbijn resolveu essa questão colando em Dean a recusa e a rebeldia, enquanto Dennis ficou com a ambição e o frescor: dois lados da juventude. Por isso, ao mesmo tempo que se repelem, eles de certa forma se complementam, como pessoas que não se enquadram em convenções.
No caso do fotógrafo, ele não desiste enquanto não comprova o seu feeling, de que o ator tinha algo diferente e que provocaria uma revolução comportamental. Dean, por sua vez, rejeita o artificialismo de Hollywood, o seu controle sobre as carreiras e as concessões que deve fazer.
Espelhos
Fotógrafo de origem, Corbijn usa a câmera para desvelar tanto quem está atrás como à frente dela. Escolha que dá o mesmo peso aos personagens, com Dennis extravasando sua insegurança. Já o ator é um vulcão interior. Como cada um alcança o equilíbrio é o grande tema do filme.
E é o olhar que nos conduz, seja no modo cabisbaixo e indiferente que exibe ou na forma nervosa como Dennis fita os outros, buscando a compreensão de todos. Eles acabam se refletindo, vendo-se num espelho. O primeiro quer de volta o seu passado. E o fotógrafo só pensa no futuro.
Embora carregue a intensidade do mito, o ator Dane DeHaan só se sustenta pelo exotismo de seu rosto, sem possuir a mesmo elã de James Dean. Robert Pattinson, o vampiro da saga “Crepúsculo”, por outro lado, está bem adequado ao papel do fotógrafo, deixando de chamar a atenção pela beleza.
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