3.6.17

Em Entrevista para o site Omelete: Robert Pattinson diz que: "Atuar é fugir da inércia"

O eterno vampiro da Saga Crepúsculo encara a selva amazônica em filme de James Gray


Decidido a deixar seus tempos de vampiro de lado e vestir a camisa do cinema indie, nos EUA e fora dele, o inglês Robert Pattinson, o Edward de A Saga Crepúsculo, causou sensação no Festival de Cannes, encerrado no domingo, no papel de um ladrão classe B em Good Time, que arrancou dele elogios em múltiplas línguas. Mas antes disso, em fevereiro, ele desconsertou o Festival de Berlim, na capital alemã, ao aparecer com uma barba desgrenhada e volumosa, nas selvas amazônica, como coadjuvante de luxo em Z: A Cidade Perdida (The Lost City of Z), que chega nesta quinta-feira ao Brasil com status de cult. Despido de seu semblante de galã, ele aposta na amargura para viver o explorador Henry Costin, o aliado nº1 do herói do aclamado filme de James Gray: o coronel Percy Fawcett, vivido por Charlie Hunnam.

“Uma vez, na época de Crepúsculo, fomos fazer a promoção de um dos filmes em um estádio lotado e, quando percebi, estava rodeado por 15 mil pessoas de pé, a aplaudir a gente como se fôssemos os Beatles ou a seleção nacional de futebol. Aquilo foi uma manifestação de carinho, mas me assustou. Hoje, os filmes que eu busco fazer já não lotam estádios... Mas as pessoas me olham no olho e enxergam a minha arte”, disse Pattinson em entrevista ao Omelete, em Cannes, ciente da estreia em solo brasileiro da aventura pilotada por Gray, realizador cultuado por filmes intimistas como Fuga Para Odessa (1994) e Amantes (2008).   


Sob a direção dele, Pattinson faz de Costin uma testemunha para o expansionismo (e a loucura) de Fawcett em seu sonho de encontrar o Eldorado (ou Z), uma terra de ouro maciço que perpassa várias mitologias latinas. Produzido por Brad Pitt com base em um orçamento de US$ 30 milhões, Z: A Cidade Perdida esgotou ingressos em todas as suas sessões na Berlinale e angariou um boca a boca caloroso em circuito americano, onde já faturou cerca de US$ 10 milhões.

“Este é um filme sobre achados e perdidos: se perder na selva e se achar na Natureza, sem as amarras da civilização. Talvez este seja o melhor filme que eu já tenha feito, pelo fato de me levar para uma realidade cultural muito distante da minha, entre os povos amazônicos de hoje. Eu fiquei anos associado a esta produção até ela, de fato, ser rodada, por uma opção profissional, não apenas em Gray, mas nesta perspectiva mais intimista sobre o heroísmo”, diz Pattinson, que vai filmar o thriller de máfia Idol’s Eye, com Olivier Assayas, ao lado de Sylvester Stallone. 

Gray escolheu o astro britânico por seu desprendimento às amarras hollywoodianas. “Este é um filme sobre um expedicionário deslocado em sua classe social e no Velho Mundo, rodado na Colômbia com índios de quatro tribos distintas, com liberdade para atuar como quisessem diante da câmera. Precisava que Hunnam tivesse um parceiro com a disciplina da descoberta”, disse o diretor, que apresenta Fawcett como um aventureiro indigenista, incomodado com a burocracia e com os ranços imperialistas da Sociedade Real de Geógrafos do Reino Unido. “Busquei imprimir um olhar sobre a institucionalização do militarismo, numa filosofia belicista a qual Costin se opõe”.

Calcado num perímetro entre Bolívia, Brasil e Colômbia, com várias referências ao Brasil, incluindo na trama um anão que fala português, este épico intimista de tom claustrofóbico investe na investigação histórica, ressaltando a busca de Fawcett por uma cidade mítica, a tal Z. O novo Peter Parker, o também inglês Tom Holland (de Homem-Aranha: De Volta Ao Lar), entra em ação no terço final, como Jack, o filho mais velho de Fawcett, que adquire contornos heróicos na atuação de Hunnam.

“Atuar é uma opção pelo inusitado, para fugir da inércia”, diz Pattinson.

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