17.12.18

Entrevista do Robert para a edição de (07 de Novembro) da revista francesa Le Monde.

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Dizemos que as estrelas são egocêntricas? Olhem para Robert Pattinson, 32 anos, com dez anos de fama interestelar desde a Saga twilight. Contudo, ele não é o tipo de pessoa que acredita que o mundo gira à sua volta. Até o descobrir. O ator não sabia que um astrónomo russo tinha dado o seu nome a um asteróide: "Wow! Que ideia estranha...", exclamou contemplando o seu alter ego galático no seu telemóvel.

Uma segunda-feira à noite na Terra, num hotel de cinco estrelas no centro de Londres: Pattinson pede a sua quinta chávena de chá. Isso ajuda-o, assegura ele, a não ficar confuso. A ele cuja agenda salta entre fuso-horários, intervalos de tempo, sets de filmes. Acabou de chegar da sua casa de Hollywood, está a preparar-se para se juntar às filmagens em Marrocos, com Johnny Depp e Mark Rylance. Ele mal tem tempo para jantar com os pais, que vivem na capital inglesa, onde cresceu. E para se encontrar com alguns jornalistas: está fora de questão não participar no lançamento de "High Life", o louco filme de Claire Denis.

Robert Pattinson não interpreta somente Montë, o protagonista. Antes disso, fez de diretor de casting sugerindo, à última da hora, o bebé do seu amigo para encarnar a sua filha no filme: "Tínhamos escolhido gémeos, mas durante os testes não resultou", disse Claire Denis. No dia antes das filmagens, Robert tirou o seu cartão de crédito e organizou a chegada dos seus amigos e da bebé. Isso salvou o filme! E antes disso, ele colocou a sua voz diafana na banda sonora, revivendo a sua paixão de adolescente pelo rock, que ele já praticou numa banda, estando um pouco bêbado: "Não gostei de nada mais do que de desafiar uma audiência hostil, dando concertos improvisados." confidência ele, "Sinto um pouco dessa adrenalina".


Para "High Life", ele teve que ultrapassar outras resistências: desde Claire Denis. Quando estava a escrever o guião, ela tinha em mente, diz ela "um homem mais velho, cansado de viver". Ela tinha Philip Seymour Hoffman na cabeça e entrou em contacto com Daniel Craig. Depois ela confrontou a realidade: "O Montë só podia ser o Robert". Foi ele que a contactou, "Um dia encontrei 'White Materials' (2009), depois devorei toda a filmografia da Claire. Fique impressionado com as performances dos outros atores. Quando ouvi dizer que ela estava a preparar um filme de ficção científica, estudei rapidamente tudo sobre buracos negros na Wikipedia e encontrámo-nos... e funcionou.", diz ele com auto-piada.

O ator declinou um blockbust interestelar para dar o seu primeiro salto para o espaço com a realizadora francesa: "Os filmes de ficção científica modernos não me atraem assim tanto...Os heróis não são suficientemente viscerais. Eles não suam! Mas tinha a certeza que a Claire não seria tão clínica."

De acordo com ele, a realizadora de "Let The Sunshine In" (2017) opera na mesma esfera que David Cronenberg, que o dirigiu em "Cosmopolis" (2012) e "Maps To The Stars" (2014): "A Claire e o David filmam corpos - e os seus fluidos! - como ninguém, numa espécie de elevação metafísica...No set eles lançam uma autoridade que comanda respeito e te encoraja a deixares-te ir."

Ele admite que estava "aterrorizado", em primeiro lugar, pela violência do guião, a dimensão incestuosa, a [atmosfera] vaga que envolve Montë. "O Robert continuou a fazer perguntas sobre o significado do guião", relembra a atriz Claire Tran.
Ele estava tão fascinado por Claire Denis que acabou dizendo: "Para interpretar o Montë, vou interpretar a Claire."

Em retorno, a realizadora confessa: "Tornei-me um pouco o Robert".
Em Colónia, onde filmaram "High Life", ela levou-o a visitar o Museu de Arte Contemporânea e o Centro de Astronautas Europeu. Em Londres, onde viveu quando era mais nova, ela levou-o a ver Phèdre, a peça de Krzysztof Warlikowski. De Paris a Los Angeles, falaram muito sobre Joy Division, Shohei Imamura, Perceval the Welsh: "Os vampiros que filmei em 'Trouble Every Day' (2001), como o que o Robert interpretou em 'Twilight', resistiram à sexualidade, pelo medo de contaminar as suas amadas. A castidade do Montë é, por outro lado, cavalheiresca, ele quer proteger-se a si mesmo."

O galã adolescente depois de Twilight, o símbolo sensual, tornou-se num mulherengo desprezível em "Bel Ami" (2012): "Foi uma escolha um pouco arriscada," admite ele, "mas assim que me vejo rotulado, vou imediatamente na direção oposta.". É esta ciência dos opostos que ele tanto gosta em Claire Denis, a coexistência do "horror e humor, brutalidade e ternura, a sua recusa de explicar e perceber a todo o custo," resume ele, ainda abalado. O seu olhar angelical para na sua sweatshirt cinzenta, disperso na caligrafia: "Significa 'paz' em árabe...Ou 'fim'.", gesticula ele, "Seria melhor não saber".

Fonte  | Via Robcecadas

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