19.12.18

Fotos+Entrevista Robert Pattinson na capa da edição de Outono de 2018 da Interview Magazine.

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Interview: Robert Pattinson conta a Willem Dafoe sobre o que é que ele está mais assustado

Apesar de os seus dias como galã internacional de franquias estarem, na sua maioria, para atrás, o carisma de Robert Pattinson permanece enlouquecedor e inelutável, o rosto um permanente yin-yang de diversão e gravidade pálida montado numa estrutura óssea industrial. Tendo formado a sua educação suburbana em Londres, através do efeito cósmico do estrelato, a carreira de Pattinson transformou-se num mundo selvagem, e selvagem criado por ele mesmo. O ator de 32 anos assumiu papéis pesados ​​em filmes pesados de realizadores como David Cronenberg e James Gray, antes de se transformar num típico habitante de Queens para "Good Time" dos irmãos Safdie. Qualquer dúvida sobre a sinceridade do desejo de Pattinson por projetos de baixo orçamento e alta ambição foi dissipada no seu último papel no primeiro filme em inglês de Claire Denis, "High Life". O novo drama psico-sexual da realizadora francesa coloca Pattinson numa prisão espacial, onde os reclusos têm a sua semente recolhida pela encantadora Juliette Binoche. (O personagem de Pattinson chama-a de "xamã do esperma".) No ano que vem, protagonizará o filme de terror da A24, "The Lighthouse", contracenando com Willem Dafoe, alguém que se classificou habilmente em clássicos da arte e blockbusters de verão. Nunca tendo falado no set - é uma coisa de ator macho- o par falou longamente pela primeira vez para discutir a crueldade da fama e as alegrias de se afastar dela.

ROBERT PATTINSON: Eu estava literalmente aterrorizado com esta entrevista, e fiz toda uma semana delas [entrevistas]. Quando estava em San Sebastián, fiz uma com a Juliette Binoche, e lembro-me de pensar, “Nem sei se as pessoas estão interessadas no que estou a dizer.”

WILLEM DAFOE: Pareces encantador nas entrevistas que vi. É como uma performance?

PATTINSON: Eu definitivamente tiro muito disso. Há um pequeno gremlin dentro de mim que pensa, “Diz alguma coisa chocante. Estás aqui apenas por alguns minutos, diz algo terrível.” Há uma espécie de alegria perversa que recebo daí. Mas já dei alguns ataques cardíacos à minha publicista.

DAFOE: O que é que te dá confiança?


PATTINSON: Não acho que seja uma questão de confiança. Acho que é mais pelo facto de que a melhor forma de lidar com a pressão é dizer a pior coisa que consegues dizer. Eu definitivamente não sou bom a falar de todos os pontos-chave e a vender um filme. Vejo muitos atores que são realmente bons nisso, mas eu pareço incapaz de o fazer. Sinto-me tão envergonhado, porque eu nem sei se o público vai gostar do filme. Podes falar da tua profissão, mas se o público vê e fica, “Bom, foi uma porcaria,” então não importa como lá chegaste.

DAFOE: Como foi o festival em San Sebastián?

PATTINSON: Acabei a comer um peixe muito pequeno mas com a cabeça enorme. De facto, foi uma das refeições mais desalentadoras que já tive.

DAFOE: Mas como foi a exibição do filme?

PATTINSON: Foi boa. Foi um bocadinho assustadora depois da primeira exibição em Toronto. Não acho que o público estava realmente preparado para isso. Era um auditório enorme, e assim que as pessoas entraram, consegui ver toda a gente sentada com pipocas, prontas para serem entretidas. E pensei, “Oh, não, um comboio está prestes a atropelar estas pessoas num segundo. Eles definitivamente não estão preparados para um filme esotérico sobre colheira de demónios.”

DAFOE: Quanto é que pensas no público quando estás a fazer um filme?

PATTINSON: Quando estou a fazer um filme, não penso de todo sobre quem o vai ver. Quero dizer, quero ajudar a ter pessoas no filme. É realmente a única altura em que penso nisso. Há uma parte de mim que gosta da arte do marketing. Sinto que muitos atores nem sequer querem pensar nas prespectivas comerciais de um filme.

DAFOE: Eu penso.

PATTINSON: O meu pai foi vendedor de carros, e eu adorava ouvi-lo falar nas técnicas de venda. É como ler o teu público e ver onde os podes levar. Vender algo é muito semelhante a interpretar um personagem—mais ou menos.

DAFOE: Como é que lidas com o facto de às vezes fazeres filmes que não são para toda a gente? Há esta ampla suposição de que se um filme não é popular, então não bem sucedido em ser filme. Isso deixa-me sempre maluco.

PATTINSON: Mas se fazes algo que é incrivelmente pessoal e específico e diferente, e depois mesmo se é apenas uma pessoa que sai e diz “Gostei muito daquele filme,” conecta-se com eles num nível levemente mais profundo. Significa muito mais do que ouvi-los dizer, “Diverti-me a ver o teu filme que agrada multidões.”

DAFOE: Concordo contigo. É divertido, porque quando tu e eu filmámos The Lighthouse juntos, as condições eram tão adversas que mal falámos fora das cena.

PATTINSON: Mal falei com alguém.

DAFOE: Devo admitir que me confundiste muitas fezes.

PATTINSON: Percebi durante o período de ensaios que tu entendeste o guião muito mais que eu, então não quis revelar isso.

DAFOE: Claramente não estavas numa de ensaios. Talvez tenha sido a natureza do papel, mas sempre senti que querias saltar [para as filmagens] e não ensaiar, como se forre mais real confrontá-lo sem nenhum pré-conhecimento. Lembrei da velha citação de Dustin Hoffman and Laurence Olivier, “Vai.”

PATTINSON: A minha ideia para The Lighthouse foi que se eu realmente não entendo este guião a nível cerebral, então foi tentar entendê-lo a nível físico. Mas devo dizer que nunca vi ninguém com um nível sobrenatural de energia como tu. Eu lembro-me de te ver e pensar, “Como é que fazes isso?”

DAFOE: Foi levar isso como um elogio, mas foi devolver o elogio dizendo que a tua aproximação foi feroz. És um lutador. Lembraste quando estávamos a ser borrifados com com água e picou muito? Esse tipo de coisas nunca te abandonam.

PATTINSON: Foi o mais perto que estivesse de dar um murro a um diretor. Por mais que adore o Robert [Eggers], houve um ponto em que fiz cinco takes a andar pela praia, e depois de um tempo eu estava tipo, “Que raio é que se está a passar? Sinto que estás simplesmente a borrifar-me a cara com uma mangueira de incêndio.” E ele, “Eu estou a borrifar-te a cara com uma mangueira de incêndio.” Foi uma espécie de tortura. Isso definitivamente cria uma energia interessante. [Risos] Apenas por curiosidade, pensas de forma diferente sobre um papel quando decides fazer algo menos comercial, em oposição a quando estás a fazer uma enorme franquia? As abordagens são diferentes?

DAFOE: Eu realmente amadureci como ator numa companhia, então sinto que sou melhor quando estou com pessoas que me animam. Gosto de filmes pessoais e equipas mais pequenas. Gosto de flexibilidade. Quando estás a fazer um filme maior, é uma mentalidade diferente. Com um filme maior, tens de ser mais responsável, mais seguro. As pessoas que fazem o filme também têm esta pressão de ser responsáveis, e a responsabilidade pela arte é como a morte.

PATTINSON: Com cada filme que tenho feito, senti uma necessidade compulsiva de dizer ao realizador no primeiro dia que não tenho ideia nenhuma do que estou a fazer. E acho que numa larga estrutura corporativa, as pessoas não levam isso a bem. Acho que nunca vou chegar a um ponto em que sinta, “Oh, sou um ator profissional com todas as ferramentas prontas, e vou ser capaz de contar a história em todas as cores que precises.” Quero dizer, vou literalmente fazer um filme especificamente por pensar que não o consigo fazer. Tu esperas apenas não te afogar. E depois quando não te afogas, tu aprendes a nadar.

DAFOE: Escuta, acho que estás a ir muito bem, e eu gosto das escolhas que estás a fazer. Tiveste esta grande fama com os filmes de Twilight, fama que nunca tive, e permitir que isso que ajude a correr os riscos que estás a correr agora é uma maneira muito esperta de proceder.

PATTINSON: Tu definitivamente conheces o mesmo nível de popularidade. Eu vi-te a andar por Halifax com as pessoas a andarem atrás de ti na mercearia orgânica.

DAFOE: Bom, essa é a minha multidão.

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